No dia 4 de outubro de 2025, um camião embateu contra um Airbus A321LR da TAP Air Portugal (CS-TXA) no Aeroporto do Porto (OPO), meia hora antes da descolagem para Newark. O choque obrigou ao cancelamento imediato dos voos de ida e de volta TP211/TP212 desse dia com impacto direto em centenas de passageiros e efeitos em cascata na operação. Por exemplo, no dia seguinte, o A321LR do voo TP1527/15278 (Acra/São Tomé) foi substituído por um A320, sem poltronas-cama na classe executiva e sem entretenimento na económica. Longe de serem um caso isolado (CS-TXC em Junho de 2023, em Lisboa, por exemplo), os acidentes em terra são uma das dores mais silenciosas e dispendiosas da aviação moderna, sendo que a IATA estima que 61% dos casos envolvem os equipamentos de assistência como rebocadores, escadas móveis, camiões de catering ou tratores de bagagens que embatem na fuselagem dos aviões. A International Air Transport Association (IATA) estima ainda que o prejuízo global destes acidentes atinja os 10 mil milhões de dólares por ano até 2035, tendo em conta a vulnerabilidade acrescida dos materiais compósitos usados nos aviões modernos. No final, não se trata apenas da reparação pura: há ainda o prejuízo do tempo parado e das compensações aos passageiros. Num exemplo concreto citado num artigo da SimpliFlying, um dano que custou $39.300 em reparação acabou por representar $367.500 de prejuízo total.
Ainda que tenhamos de aguardar pelo relatório completo do GPIAAF – Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários, a IATA aponta como causas mais comuns para este tipo de incidentes a formação insuficiente, a cultura de segurança deficiente, procedimentos operacionais confusos ou equipamentos obsoletos. A boa notícia é que tecnologia já oferece algumas respostas preventivas através dos novos equipamentos de assistência inteligentes que incluem sensores de proximidade, travagem automática e sistemas acoplagem assistida que reduzem o risco de impacto.
Num momento em que a Menzies enfrentou greves e sérias acusações e num momento em que corre o concurso para as licenças de assistência em escala nos aeroportos portugueses, vale a pena questionar neste contexto pós-acidente elevador da Glória em Lisboa:
Que requisitos de segurança e inovação tecnológica vão ser exigidos?
Que histórico de incidentes e cultura operacional estão a ser avaliados pela ANAC – Autoridade Nacional da Aviação Civil?
E o que nos dirá o GPIAAF sobre as causas deste e de outros episódios recentes?
Estas respostas são importantes porque a turbulência na operação pode, por vezes, começar mesmo antes de o avião sequer levantar voo.
Fonte – Pedro Castro – Acidentes em terra, tempestade na operação
A Groundforce Portugal, empresa de assistência em escala, vai assistir os voos de chegada e de partida de Sua Santidade, o Papa Francisco, na sua visita a Portugal no âmbito da Jornada Mundial da Juventude ...