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Aviação comercial – A IATA estima uma quebra de 60% no tráfego aéreo em comparação com 2019

Se os governos dos vários países não injetarem rapidamente dinheiro nas companhias aéreas, metade delas não irão sobreviver à crise. E estamos a falar de um universo de mais de 300 transportadoras, que operam mais de 24 mil aeronaves em todo o mundo.
Alexandre de Juniac, diretor-geral e chefe da direção da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport Association), nem pestaneja – numa entrevista ao canal on-line canadiano RC Webdiffusions – ao afirmar que “é absolutamente urgente que os apoios financeiros já anunciados ou prometidos cheguem rapidamente às empresas”. E, acrescenta, “têm de ser apoios significativos e generosos, caso contrário no final desta crise sanitária metade das empresas já não existirão”.
Questionado sobre se esses apoios financeiros se podem traduzir em nacionalizações, Juniac não confirma nem desmente, e adianta que podem ser das mais variadas formas: injeção de capital; empréstimo; subvenção; pré-garantias; o que quer que seja. E refere que em vários países já existem bons exemplos do que deve ser o apoio do Estado à agonia das companhias aéreas neste momento absolutamente crítico. É o caso dos Estados Unidos, França, Austrália, Emirados Árabes Unidos, China, Singapura e também a Noruega, “onde já houve intervenções estatais muito significativas”.
Sobre a estimativa da Airbus, que aponta para três a cinco anos até que o sector da aviação regresse aos níveis pré-crise Covid-19, Juniac não se compromete com datas, adiantando apenas que a estimativa da IATA é para que, até final deste ano, se registe uma quebra de 60% no tráfego aéreo em comparação com 2019.
O diretor-geral da IATA lembra que, para além dos efeitos diretos da crise sanitária sobre o sector – que pode obrigar os aviões a transportarem menos gente de cada vez e com medidas de controle de temperatura e utilização de máscara, etc – há que contar também com o impacto económico que a crise está a ter sobre a vida das pessoas, descapitalizando-as e empurrando milhões de pessoas para o desemprego.
Para quem já tinha passagens compradas, Juniac considera que é mais difícil, agora, uma devolução em massa do dinheiro, “pois estamos em pleno coração da crise e as companhias estão sem condições financeiras para o poderem fazer, embora o possam concretizar para os clientes mais necessitados”. No entanto, lembra que está a ser preparado um cenário em que é atribuído um voucher a cada passageiro – com valor equivalente ao da viagem adquirida – que pode ser utilizado até um período de 12 a 15 meses. Para quem não aceitar essa alternativa, há ainda a hipótese do reembolso a um prazo de nove a 12 meses.

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