pista73.com

conteúdos de aviação comercial

Inicio

Ground Handling, Europa

Portway irá despedir cerca de 200 trabalhadores

«A perda do cliente Ryanair, que representava um terço das receitas, vai levar a operadora portuguesa de handling Portway a despedir cerca de 200 trabalhadores. O número, porém, ainda não está completamente fechado, visto que a dimensão da reestruturação vai depender das alternativas que a empresa está a tentar encontrar para fazer face ao fim do contrato com a companhia de baixo custo.
A decisão foi anunciada nesta quarta-feira, em conferência de imprensa. No comunicado, a Portway admite que, perdendo a Ryanair, “não pode deixar de proceder a um reajustamento para continuar a ser uma companhia eficiente, competitiva e sustentável, garantindo a segurança dos postos de trabalho à enorme maioria dos seus 2165 colaboradores”.
A empresa garante que reduziu “ao mínimo indispensável a reestruturação a implementar em termos de redução de postos de trabalho”, mas avança que o ajustamento vai afectar entre “8% a 10%” dos funcionários, ou seja, cerca de 200 pessoas. No entanto, este patamar só será assegurado “caso seja possível garantir a conversão a tempo parcial de um conjunto determinado de postos de trabalho”, frisa o comunicado.
De entre as alternativas que a Portway encontrou para mitigar os impactos do fim do contrato com a Ryanair está a possibilidade de garantir aos trabalhadores “prioridade no processo de admissão” a efectuar pela companhia low cost no Porto e em Lisboa, onde passará ela própria a fazer esta operação (selfhandling), à semelhança do que acontecerá a partir da próxima semana em Faro e do que já acontece em Ponta Delgada.
Além disso, a operadora de handling, que faz parte do grupo ANA, admite que os trabalhadores de Faro “poderão vir a ser integrados numa bolsa de recrutamento para complementar a necessidade de mão-de-obra nas épocas de maior tráfego aéreo, e naturalmente para preencher as vagas geradas pelo crescimento de actividade esperada para os próximos anos”.
Esta decisão foi comunicada nesta quarta-feira aos sindicatos, que, desde que se soube que a Ryanair iria cessar o contrato com a Portway, têm vindo a público alertar para os seus impactos. Está, aliás, agendado um plenário em Faro para quinta-feira, durante o qual poderão ser decididas formas de protesto.
A dependência que a operadora de handling foi mantendo com a companhia low cost é uma das razões do descontentamento, embora tivesse sido este mercado que permitiu que a Portway crescesse exponencialmente nos últimos anos, roubando terreno à rival Groundforce.
No entanto, e durante muitos anos, estas duas empresas, embora concorressem directamente, pertenceram ao mesmo accionista: o Estado. Em 2013, a Portway passou a ser privada, depois de a ANA ter sido comprada pelo grupo francês Vinci. E a Groundforce foi comprada em 50,1% pelo grupo Urbanos, em 2012, permanecendo o restante capital na TAP (que hoje também é maioritariamente controlada por privados).
A Ryanair já admitiu no passado que tinha conseguido negociar valores muito competitivos com a Portway, inclusive com descontos sobre as taxas aplicadas pela empresa. Mas, agora, opta pelo selfhandling, como tem acontecido noutros mercados, quando a operação atinge maior dimensão.»

Raquel Almeida Correia, artigo publicado na página de internet “Público
(23 Março 2016)

Artigos relacionados

Mais em Europa, Ground Handling (306º de 1476 artigos)

As últimas semanas têm sido marcadas por atrasos e cancelamentos frequentes nos aeroportos europeus, com imagens de longas filas e bagagens amontoadas.  A responsabilidade tem sido atribuída quer aos ...