O concurso público internacional lançado pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) tinha como critério de seleção a pontuação obtida em três fatores, cada um com um peso de 33%, aplicado aos três aeroportos:
Meios materiais, onde é avaliada a antiguidade dos equipamentos a alocar à operação e a adoção de equipamento ambientalmente mais favorável.
Meios humanos, onde é avaliada a experiência dos trabalhadores afetos à operação e o número de trabalhadores com contrato de trabalho sem termo
Exercício teórico dos meios materiais e humanos a serem afetos às atividades de assistência a bagagem, assistência a carga e correio e assistência a operações em pista, em dois cenários de procura.
Quer nos meios materiais, quer nos meios humanos, a Menzies e a Clece/South tiveram a mesma pontuação, segundo o relatório preliminar do júri a que o ECO teve acesso. O que desempatou foi o exercício teórico, onde a primeira teve 80,82 pontos e a segunda 87,4 pontos, batendo a rival nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro.
A Clece/South optou, em vários casos, por indicar mais material. Por exemplo, no cenário de maior procura para o aeroporto de Lisboa, enquanto a Menzies propõe 68 trailers, o consórcio espanhol avança com 100. O mesmo acontece em relação aos geradores (11 vs 24) ou aos extintores na placa (38 vs 200). Nos 18 tipos de material, a Clece/South leva quase sempre vantagem.
A situação repete-se no número de trabalhadores, onde mais um vez o consórcio espanhol é mais generoso. Por exemplo, enquanto a Menzies propõe 10 Técnicos de Tráfego de Assistência em Escala e 275 Operadores de Assistência em Escala para o tratamento da bagagem, a Clece/South inscreve 33 e 517, respetivamente.
A proposta da dona da maioria do capital da antiga Groundforce é porventura mais eficiente na alocação dos recursos, só que as regras do concurso premeiam quem indica um número de meios materiais e humanos superior à média das propostas.
Na contabilização final, o consórcio espanhol ficou com 95,25 pontos e a Menzies com 93 pontos. Daí que o júri tenha proposto o agrupamento da Clece e da South para prestador dos serviços de assistência a bagagem, assistência a carga e correio e assistência a operações em pista nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, por um período de sete anos.
De acordo com as regras do concurso, a Menzies tem cinco dias úteis para, ao abrigo do direito de audiência prévia, se pronunciar por escrito. A empresa anunciou na quinta-feira passada que irá “iniciar de imediato o processo formal de recurso e recorrer a todos os meios disponíveis para garantir que a integridade e a equidade do resultado sejam plenamente revistas, conforme estipulado nas regras do concurso”.
Como o ECO noticiou, caso vingue a atribuição das licenças ao consórcio Clece/South o plano de recuperação da antiga Groundforce, agora detida pela Menzies (50,1%) e pela TAP (49,9%), ficará comprometido, pondo em causa os postos de trabalho e o pagamento aos credores. As atuais licenças da Menzies terminam a 19 de novembro, mas a ANAC pediu ao Governo para serem prolongadas por um ano para não existir interrupção do serviço, segundo avançou o Dinheiro Vivo.
O Governo recebe esta terça-feira (21/10/2025) o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) e o Sindicato dos Trabalhadores de Handling, da Aviação e Aeroportos (STHAA), os mais representados na empresa. As suas estruturas sindicais vão ainda realizar plenários de trabalhadores na terça e quarta-feira, não estando afastada a hipótese de recorrer à greve.
Quanto à empresa liderada por Rui Gomes, que tem desde o ano passado uma equipa dedicada à renovação das licenças, vai procurar junto do júri e da ANAC encontrar uma forma de alterar o destino selado no concurso.
A South Europe Ground Services, que nasceu da área de handling da Iberia, opera em 38 aeroportos no país vizinho e tem mais de 8.000 trabalhadores, poderá ganhar o seu primeiro contrato fora de Espanha.
Fonte: ECO
O júri selecionou as empresas que passam à fase final a atribuição de licenças de assistência em escala (handling) nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro por um período de sete anos A atribuição das ...