«O sector, onde operam empresas como a TAP e a ANA, cortou pela primeira vez no emprego e no investimento em 2009, fruto de uma redução significativa nas vendas.
De acordo com um relatório divulgado pelo Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC), o volume de negócios da aviação caiu 9,1 por cento entre 2008 e 2009, passando de 4445 para 4037 milhões de euros, o que significou uma perda de receitas na ordem dos 408 milhões.
As maiores quedas foram sentidas nos segmentos da aviação civil e da assistência em escala, que viram as vendas cair 13,4 e 12,4 por cento, respectivamente. Já o negócio do trabalho aéreo, das organizações de formação, dos aeroportos e dos aeródromos obteve melhores resultados.
Ainda assim, estas subidas não compensaram a quebra generalizada na indústria, que teve repercussões ao nível do emprego, que assistiu ao primeiro abrandamento desde 2003, ano em que o regulador começou a recolher dados estatísticos sobre a indústria.
Emprego recuou pela primeira vez.
Desde essa altura, o número de postos de trabalho na aviação tinha vindo a crescer a um ritmo forte, tendo passado de 18.444 para 20.619 trabalhadores, em cinco anos. Em 2009, a tendência foi pela primeira vez de recuo, passando o sector a empregar 20.566 pessoas, o que significou uma descida de 1,7 por cento.
Foi na área da aviação executiva que o emprego mais caiu (5,1 por cento), seguindo-se a da navegação aérea (3,2), controlada pela empresa estatal NAV, e a da assistência em escala, segmento em que opera, por exemplo, a Groundforce, que anunciou no ano passado o encerramento da operação em Faro, onde trabalhavam 336 pessoas.
Além dos postos de trabalho, as empresas também se viram obrigadas a cortar drasticamente no investimento. Desde 2003 que esta rubrica apresentava crescimentos expressivos, tendo-se fixado nos 684,4 milhões de euros, em 2008. No ano seguinte, o montante despendido pelas empresas da aviação caiu para 325,2 milhões de euros, registando uma descida de 52,5 por cento.
Quebra da procura não impediu lucros
A contenção nos custos foi imposta pela quebra do volume de negócios, intimamente relacionada com a redução da procura que se fez sentir em 2009. De acordo com os dados do INAC, os movimentos de aviões diminuíram sete por cento ao longo do ano e o número de passageiros transportados caiu três por cento.
Apesar de ter sido um ano de menor actividade para o sector, o relatório destaca que se verificou uma “melhoria da rendibilidade”, em termos do desempenho operacional e financeiro das principais empresas.
O valor acrescentado bruto (VAB) da aviação subiu 21 por cento, em 2009. E o resultado líquido saiu do vermelho, passando de prejuízos de 122,2 para lucros globais de 120,7 milhões de euros.
Uma tendência impulsionada, em grande parte, pelo transporte e pelo trabalho aéreo, que apresentaram as maiores recuperações. Já a aviação executiva consagrou-se como o segmento em contraciclo, registando piores resultados em termos de valor acrescentado e resultado líquido.»
Raquel Almeida Correia, artigo publicado no jornal “Público”
(4 Janeiro 2011)
INAC Anuário da Aviação Civil 2009
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