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Brasil – Grupo argentino vai disputar mais aeroportos

Corporación América, venceu o leilão pelo aeroporto de Natal
Corporacion_America

A experiência de vocês se sobrepõe à dos grupos brasileiros?
Somos mais competitivos porque, primeiro, não há empresa privada no mundo que administre 48 aeroportos. Somos o maior operador privado do mundo em relação à quantidade de aeroportos. Segundo, independentemente se o aeroporto lida com 15 milhões de passageiros, como Ezeiza, ou 70 milhões, como Atlanta, um aeroporto tem de estar em condições. Os sistemas para atender um passageiro ou um milhão são os mesmos do ponto de vista de operação, pistas, plataformas nos terminais, ar condicionado, segurança. Então, quando multiplicamos isso por 48 vezes, o resultado é a expertise e o efeito de administração, onde os recursos de contratação de serviços, de infraestrutura, de capacidades humanas são de 48 aeroportos, e não um só. Quando compro um sistema de gestão de passageiros, compro para 48 aeroportos, não compro só para um.
Na Argentina, o modelo de concessão dos aeroportos foi a privatização total. Qual o modelo que o senhor considera adequado para o Brasil?
Não sei se o modelo de Natal é o que vai se repetir nos outros aeroportos, ou se a rede geral de aeroportos do Brasil será privatizada. Não sabemos claramente qual será escolhido, mas creio que o modelo que vai prevalecer é o de associação público-privada. Pelo menos, essa é a tendência que pude perceber pelas conversas que tive com a presidente Dilma (Rousseff) quando ela era chefe de Gabinete do ex-presidente Lula. Coincidimos bastante nisso. Tivemos várias reuniões a respeito e ela tinha uma visão dessa natureza.
Como será o trabalho em Natal?
Vamos fazer um terminal novo. A pista está terminada e vamos fazer um terminal zero quilômetro, com um investimento de quase US$ 400 milhões. Calculamos poder concluir entre dois anos e meio a três anos, desde que o clima permita, mas o que nos interessa é terminar o antes possível, porque o dia que terminarmos já começamos a operar.
Quais são os planos para Cumbica, Viracopos e JK, em Brasília?
Primeiro, buscar um bom sócio brasileiro – e quando falamos de bom sócio brasileiro, nós temos alguns muito bons aqui na Argentina. Temos tido muita experiência, somos uma companhia de infraestrutura, dedicada a várias áreas que não estão relacionadas somente com os aeroportos. Estamos no setor de rodovias e energia. Isso nos colocou em contato com as companhias mais importantes do Brasil que estão operando na Argentina no setor de infraestrutura: Andrade Gutiérrez, Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa. Temos falado com todas elas para elaborar propostas. Uma companhia financeira, um fundo financeiro também nos entregou uma proposta, estamos trabalhando. Nosso sócio em Natal também é um sócio que nos interessa para continuar desenvolvendo nosso negócio no Brasil. E o Brasil não se esgota nos aeroportos, nos interessa como país.
Os aeroportos argentinos sofrem constantes críticas pelos atrasos e segurança. O senhor acha que essas críticas depõem contra a sua administração?
Há análises subjetivas e objetivas. Eu fui muitas vezes a Miami e não fiquei em filas. Outro dia, porém, fiquei na fila por duas horas e meia porque atrasaram os voos. Pode haver uma crítica de alguém que faz uma análise do que sucede nas filas do aeroporto de Miami e uma crítica subjetiva que faz Ernesto Gutiérrez em uma viagem específica. Ou seja, a crítica objetiva da Associação Internacional de Turismo elegeu, nos últimos anos, três aeroportos nossos como os melhores da América do Sul: Ezeiza, Uruguai e Equador. Não é um concurso de beleza, de infraestrutura, mas uma avaliação sobre o conjunto dos serviços: demora no check-in, na aduana, imigração, etc.
A desvalorização do real registrada nos últimos dias preocupa?
Há uma implicação direta na Argentina se o real se desvaloriza, mas para mim não vai desvalorizar. Não serve ao país ser mais competitivo a partir de uma desvalorização quando somente 12% de seu PIB é exportação e 70% desses 12% estão em dólares, porque vêm de commodities. O que interessa, sim, à Argentina é que o Brasil cresça. Porque se cresce, a Argentina também cresce. Somos sócios naturais pela vizinhança.
O senhor acha que a entrada de AA2000 no Brasil pode reduzir as reclamações oficiais de dificuldades para a entrada de empresas argentinas no mercado brasileiro?
A queixa é que a Argentina se abriu às empresas brasileiras com certo interesse, porque as empresas brasileiras vêm à Argentina e se metem nos negócios de infraestrutura porque há um BNDES que lhes aporta crédito e lhes dá uma ferramenta para competir, o que as empresas argentinas não têm para competir no Brasil. Quando estou com a presidente (Cristina Kirchner), digo que, quando estiver com a presidente do Brasil, peça-lhe que a abertura que temos seja correspondente. Se nós não tivemos problemas e temos sido sócios da Camargo Corrêa, da OAS, se compartilhamos negócios em grandes lugares estratégicos da economia e infraestrutura argentina, queremos a contrapartida. Pelo menos, a possibilidade de fazer o mesmo lá, e não que Brasil se feche 100%. Natal é um ponto de inflexão porque um aeroporto é um lugar estratégico. Não entramos em uma fazenda para produzir soja. É um ponto de partida para avançar e nos coloca em uma posição estratégica para seguir esse caminho de integração Argentina-Brasil.»

Marina Guimarães,, artigo publicado na página de internet “Estadão”
(16 Setembro 2011)

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