«Operadora de navegação aérea ganhou prémio internacional pela criação de um sistema que reduz tempo de voo, emissões e gastos com combustível
Praticamente dois anos após o arranque do Free Route, um projecto que permite aos pilotos fazer voos directos dentro da região de informação de Lisboa, a NAV foi premiada internacionalmente esta semana pelo contributo para o ambiente. Feitas as contas, este sistema já permitiu diminuir 27 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono e 1,3 milhões de milhas náuticas voadas, o que se traduziu numa poupança de 12 milhões de euros para as companhias de aviação.
O Free Route arrancou em Maio de 2009 e alterou drasticamente a forma como os aviões sobrevoam o espaço aéreo nacional. Até essa altura, as rotas eram percorridas com o auxílio de rádio-ajuda, o que obrigava os pilotos a desenhar trajectórias em ziguezague, ficando mais sujeitos às alterações climatéricas e gastando mais tempo e combustível para chegar a determinado ponto.
“Inicialmente, o sistema começou a ser estudado pelo Eurocontrol”, a organização europeia responsável pela segurança da navegação aérea, “e Portugal foi o único país que decidiu adoptá-lo porque, apesar de ainda não termos o sistema Free Route, já planeávamos os voos de modo a que fossem directos”, explicou ao PÚBLICO Carlos Alves, director de estudos técnicos e projectos da NAV.
Quando se compara o espaço aéreo nacional com o da Europa, as diferenças são visíveis. Enquanto lá fora o céu está polvilhado por rotas que se cruzam e sobrepõem, criando uma imagem muito semelhante à de um mapa rodoviário, Portugal tem o ar praticamente limpo de trajectórias marcadas. São os pilotos dos aviões que escolhem os pontos pelos quais querem entrar e sair da região de informação de Lisboa, sem necessidade de percorrer uma linha preestabelecida pela operadora de navegação.
Ganhos transversais
A empresa, detida a 100 por cento pelo Estado, tem hoje uma das mais inovadoras soluções do mundo em navegação aérea, tendo sido, por isso, reconhecida, na passada segunda-feira, com um prémio internacional. O Free Route venceu, na categoria ambiente, o Jane”s ATC Awards, criado para homenagear as melhores práticas da indústria. De acordo com os organizadores da cerimónia, o sistema foi escolhido pelo facto de “contribuir para a redução de emissões” e “corresponder aos requisitos de optimização de rotas, reduzindo os custos das companhias de aviação e aumentando a eficiência”, lê-se no site. São factos que os dois anos de implementação do projecto já permitem comprovar.
Desde Maio de 2009, o Free Route possibilitou uma redução de 1,3 milhões de milhas náuticas voadas, o que resulta em benefícios ecológicos, pela diminuição de 27 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono, mas também em ganhos para as transportadoras aéreas e para os consumidores, que passaram a percorrer o mesmo espaço aéreo em menos tempo.
“Com um voo directo, o piloto pode ajustar a rota aos ventos, evitando atrasos”, referiu Mário Neto, director de segurança e desempenho operacional da empresa, acrescentando que, em média, se pode alcançar poupanças médias de cinco minutos por voo. “A probabilidade de o avião chegar a horas é muito maior, beneficiando os passageiros e o desempenho das companhias de aviação”, rematou.
Para as transportadoras também há ganhos significativos relacionados com a redução dos encargos com combustível, uma vez que a diminuição de milhas percorridas representou uma poupança de praticamente nove mil toneladas, resultando num benefício operacional de 12 milhões de euros, calculou a NAV.»
Raquel Almeida Correia, artigo publicado no jornal “Público”
(13 Março 2011)
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